Príncipes, Princesas... e Eu!

20 julho, 2009
Era pra ser domingo. Eu, como sempre tentando aproveitar os últimos vestígios de sono e na expectativa de não ser ainda segunda-feira... E não era mesmo! Depois de muitos cochilos atormentados, eu resolvi me levantar logo e acabar com o suplício. Sentei na cama e me espreguicei, já tentando localizar minha pantufa. Ainda meio zonza, percebi que o ambiente estava um pouco... Diferente!

A primeira surpresa foi quanto à mobília escura e pesada, muito diferente de meus móveis marfins. E... Onde estava meu computador?! "Jesus Sacramentado!" Fiquei tentando lembrar se tinha bebido na noite anterior, mas não... Eu não bebo! Resolvi me deitar de novo, é claro que era mais um sonho maluco. Cobri a minha cabeça com o cobertor (que não era meu edredom listrado) e apertei forte os olhos tentando dormir no sonho pra acordar na realidade. Não tinha muita lógica, mas foi a única coisa que consegui pensar.

Foi aí que escutei um ruído forte de porta se abrindo. Arregalei os olhos mesmo estando cobertos, mas não me movi. Passos delicados faziam barulho no assoalho, alguém parecia murmurar baixinho enquanto mexia em alguma coisa. Era uma mulher... Mas quem? Meu pensamento foi cortado ao meio por uma mão que puxou sorrateiramente meu abrigo macio.
_Sabia que já estava acordada!

Acho que fiz a cara mais assustada do mundo, mas a moça, vestida em trajes de empregada, não pareceu notar. Engoli seco imaginando que ela ainda não tinha reparado que eu não era a pessoa que ela pensava que eu era... O que ela ia fazer se percebesse? Enquanto ela limpava a lareira (isso mesmo, lareira!), eu fui escorregando da cama sutilmente, na esperança de conseguir fugir antes que ela reparasse em mim... Eu vestia um camisolão branco feito de seda que me servia perfeitamente apesar de ser bastante comprido, mas não reparei muito nisso... E levei um belo tombo quando tropecei na renda. A garota, que deveria ter uns 15 anos, no máximo, olhou assustada na minha direção e correu ao meu socorro...

_Tome mais cuidado! Você podia ter quebrado uma perna, sabia?
Eu me levantei esperando a reação dela, mas o que recebi foi um belo puxão de cabelo. E logo apareceu uma escova... Haviam cabelos lisos e longos na minha cabeça, que pareciam ser bem familiares à moça. Ela os penteava distraidamente.

Olhando melhor em volta, eu pude perceber grandes janelas de madeira, paredes muito altas e um tapete bastante bordado junto à porta. A lareira estava acesa agora e foi quando me dei conta de que estava muito frio. Haviam candelabros por toda a parte. Depois de fazer um penteado bastante complexo, a empregada foi até o armário gigantesco e me trouxe um vestido florido que vinha acompanhado de várias anáguas.
_Vista isso e desça para comer, princesa.

Princesa? EU? Aquilo estava cada vez mais confuso! Onde eu estava? Esse sonho esquisito estava indo longe demais... A menina saiu apressada e fechou delicadamente a enorme porta, me deixando sozinha naquele museu. Eu, ainda de camisola, fui correndo até a janela, na expectativa de uma fuga, mas logo desisti. A paisagem lá fora era de um enorme pátio gramado, seguido por uma mata fechada e, logo depois pelo mar. Seria impossível fugir dali. Além do mais, meu quarto parecia estar na mais alta torre de um castelo rústico e forte.

Voltei à cama e tentei vestir aquela roupa, era melhor não causar desconfiança... Saí do quarto por um corredor que mais parecia um labirinto. O que me guiou até a parte inferior foi o cheiro de bolo mais delicioso que já tinha sentido: Eu estava com fome.

Logo que cheguei à sala onde estava a enorme mesa, uma cadeira se moveu e imaginei que era um convite à me sentar. Tentei disfarçar o tempo todo a minha surpresa e me sentei frente à um verdadeiro banquete real. Acho que nunca comi tão bem em toda a minha vida, era tudo muito delicioso e farto. Não havia mais ninguém na sala além de uma senhora gorda que, imaginei, era a cozinheira. Eu achei melhor não dizer nada.

De repente, a mesma garota do quarto apareceu, cochichando ao ouvido da gorda. Esta, se retirou, me deixando só... E livre! Disfarçadamente me levantei sem fazer barulho e procurei a porta para a saída. Era melhor sair dali logo, antes que percebessem que havia alguma coisa errada com a "princesa". De novo não consegui... Antes que eu pudesse me aproximar da porta, surgiram dois rapazes que pareciam estar fantasiados de Robin Hood. Eles estavam suados e carregavam enormes arcos. Não vi flechas.

Eu me afastei um pouco, tentando não ser vista, mas um deles me percebeu e sorriu um sorriso perfeito e com covinhas. Dei de volta um aceno tímido de medo. Senti um comichão no estômago quando percebi que ele se aproximava... Era o rapaz mais lindo que eu já tinha visto! Uma mistura de Galã de cinema e príncipe de contos-de-fadas: Seus olhos eram castanhos, assim como os cabelos lisos, que chegavam ao ombro. O rosto era anguloso e o queixo bem largo. Tinha a pele mais lisa que de muitas moças que eu conhecia, sem um fiapo de barba sequer. Como era de se esperar, era alto e forte. Meio que por impulso, olhei pra minha mão e vi uma aliança dourada... Será?! Fiquei esperando pra ver o que aconteceria, quem sabe um beijo ou um abraço encantado?

Mas o que recebi foi uma violenta sacudidela:
_Acorde! Ele gritava, com uma expressão desesperada de quem tenta ressussitar um cadáver.
Senti minha cabeça balançar como se fosse cair no chão, achei que ia morrer.

De repente, tudo sumiu, e minha vista ficou escura por milésimos de segundos. Meus olhos ficaram muito pesados e tive que fazer força para abri-los denovo. Devagar, meu quarto antigo foi reaparecendo... Minha mãe ainda gritava e parecia impaciente.
_Acorde! Onde está a escova de cabelo? Estou atrasada para a igreja!
_No... Guar...daroupa.

É, não era segunda-feira. Me lembrei de ter ficado acordada até de madrugada com insônia e de ter tomado alguma coisa pra dormir. Olhei para meu dedo e só tinha mesmo a velha aliança de compromisso. Ainda bem... Voltei a dormir.

Desfoque Gaussiano

16 julho, 2009
Acho tão bonita a palavra lembrança... Parece sinonima de algo especial e importante. Me remete à fotos antigas, à sorrisos e emoções. Tem gente que guarda verdadeiros álbuns fotográficos na memória: Conheço pessoas que não esquecem detalhes de roupas, outras que se lembram de cada palavra dita numa ocasião especial. Eu não sou dessas! Esqueço de rostos, de nomes, de palavras... Minhas lembranças são como sonhos confusos.

Na minha cabeça só existem pedaços inacabados de cenas desfocadas e sem coerência, nada de detalhes, cores, fatos. Apenas um emaranhado de sentimentos que, quando provocados, vêm à tona trazendo um tipo de nostalgia confusa. É meio estranho de entender... Por exemplo, quando sinto cheiro de melancia, me lembro da minha infância, de quando eu era muito pequena. Isso me desperta certa saudade, mas nenhuma cena, nenhum rosto, nada específico vem à minha mente... Só um sentimento peculiar. É engraçado. Às vezes pareço meio vazia por não ter lembranças vivas, mas de certo modo eu gosto disso e me sinto muito ligada ao meu passado. São tantas coisas que me trazem emoções diferentes! Músicas, cheiros, algum bilhete velho... Não é como se lembrar do que comi ontem no almoço, é... mágico. E, de certa forma, meio triste, pois me dou conta do quão efêmera é a vida. Tudo passa! A vontade que dá é de se agarrar ao hoje com unhas e dentes pra não deixá-lo ir embora. Bate até um medo meio fantástico... Quem eu serei daqui há uns anos? Quem estará à minha volta? Coisas de gente maluca e sentimentalista como eu... Acho que não sou o tipo de pessoa que ri do passado, mas sou daquelas que ao lembrar, sorriem melancolicamente... Que chato!

Macaquinhos

Escolas... Não vou mentir, sempre detestei! Desde o jardim de infância até hoje, no ensino superior. Muitas vezes desejei que todas elas (principalmente a minha) voasse pelos ares e já pensei em várias planos malignos... É claro que a maneira mais simples de todas seria colocar umas 250 bananas de dinamite em qualquer canto e acioná-las durante à noite. E aí... BOOOM! Mas, pensando melhor, eu cheguei à conclusão de isso só nos renderia alguns meses de recesso. Logo eles construiriam novas escolas e teríamos que voltar a frequentá-las. Então... Isso não resolveria o caso.

Certo dia, depois de pensar em vários outros planos mirabolantes para nunca mais ter que ir à aula, eu e meu stress empacamos em duas perguntinhas: Ir à escola é essencial? Existe algum propósito além do de receber aquele TAL pedaço de papel? Sinceramente, eu acho que 50% do que aprendemos lá não acrescenta em nada na nossa vida. Além do mais, tem gente que depois de 20 estudando ainda não tem nada na cabeça. Não sei se todo mundo já se deu conta, mas escola não ensina a viver nem a ter educação. Pensando nisso, a minha ideia é seguinte: E se aprendêssemos só o que é útil? Ao invés daquelas baboseiras que não servem pra nada além de encher linhas de caderno, ocuparíamos as nossas mentes (e nosso tempo) com o essencial e o que poderá ser aplicado na vida. Nada de fórmulas idiotas e decoreba.

Essa ideia não eliminaria as escolas totalmente, mas ao menos diminuiria e muito o tempo que perdemos adquirindo instruções desinteressantes. Sim, saberíamos o Be-A-Ba, a matemática e algumas coisitas mas, mas o mais importante de tudo seria o conhecimento de mundo, o amor ao próximo e a formação de opinião. E, logo que soubéssemos qual é a nossa vocação, aprenderíamos também uma profissão.

Não sei se eu ia gostar de escola se as coisas fossem assim, acho que não resolveria meu caso, pois meus problema está na convivência com as pessoas. Mas, ao menos seria um incentivo a mais, não só pra mim, como pra todos os estudantes enfadados do Brasil. Estudar finalmente seria algo atraente e todos veriam a sua importância. Ninguém ia querer matar aula ou usar drogas ao invés de ir à escola, visto que todos enxergariam seu próprio futuro nos estudos. Ah! E nada de escolas particulares! Todos teriam acesso ao ensino de qualidade, já que o tempo que demoramos para nos formar diminuiria e o governo investiria menos em cada aluno e mais na qualidade como um todo.

Seria realmente muito bom, heim? Doce utopia! Eu e você sabemos que não dá pra contar com o governo, muito menos pra melhorar a educação. Eles dizem que sim, gostariam de um país melhor e bla bla bla... Só que pra eles não interessa que os brasileiros tenham conhecimento, eles querem cidadãos-macaquinhos: Nada vejo, nada ouço, nada FALO... Burros como uma porta! Se formos pensar direitinho, até que tem lógica essa linha de raciocínio... Imagina se um Brasil inteligente, bem informado e com opinião própria ia eleger representantes tão corruptos?! Claro que não! A festa ia acabar, neh, gente? Então, melhor deixar como está... Milhões de analfabetos, outros milhões de pessoas sem opinião própria e mais uns trilhões de mal-informados. Assim a nossa pátria adorada (salve, salve!) vai caminhando, lado a lado com a ignorância... Que país é esse, heim?


Sorte de Hoje

09 julho, 2009
"Quando as pessoas falam, ouça com atenção. A maioria das pessoas nunca ouve ."

Outro dia eu estava vagabundeando pela net e pesquisando coisas aleatórias no Pai Google, quando me deparei com o seguinte trecho: "Como fazer amigos". Lógico que me interessei... Essas fórmulas mágicas de felicidade instantânea sempre me divertem! Cliquei no tal link e, dentre as dicas INFALÍVEIS, uma me chamou a atenção, era mais ou menos assim: "Quando conversar com alguém, sempre olhe nos olhos e demonstre atenção ao que o outro diz." Sei lá mas me pareceu bem coerente...

Nesses dias de hoje em que tudo gira em torno de interesses egoístas, a tendência é nos sentirmos sós e céticos quanto às intenções alheias. A verdade mesmo é que ninguém se importa com o outro, as pessoas só conversam porque querem ser ouvidas e não para trocarem ideias e experiências como deveria ser. Todos querem ser ouvidos, mas ninguém o é, já que cada um está preocupado apenas com as suas próprias ideias, problemas e opiniões, o que torna simples diálogos em disputas frenéticas pela vez de falar. Isso só demonstra a enorme carência das pessoas de hoje em se expressar e se sentir importantes. E aí é que entra a tal dica INFALÍVEL: Pra ter amigos, é preciso ter um Quê de psicanalista. Afinal, em qualquer coisa que se queira ter sucesso, o conselho é sempre inovar e ter o que os outros não têm, e com as relações interpessoais não é diferente. Como diz o ditado, na terra dos cegos, quem tem olho é rei. E na terra das línguas nervosas, quem tem dois ouvidos (e os usa) também é.

Possibilidades e Expectativas

07 julho, 2009
"Amando incondicionalmente, você aprende a codificar o futuro somente como uma possibilidade e não uma expectativa. Uma expectativa, quando não se realiza, gera frustração. Uma possibilidade, mesmo quando não acontece, continua sendo uma possibilidade. Vivendo hoje e planejando o amanhã."
(Lair Ribeiro)

Esse trecho aí chamou muito a minha atenção quando eu estava dando uma olhada no livro "A Essência do Amor". Frustrações constantes são um obstáculo a mais para a pobresinha da minha auto-estima... Sou extremaente perfeccionista e anciosa, uma lástima!

Amarrando as Chuteiras

02 julho, 2009

Uma noite dessas, eu sonhei que levava vários tiros, entre eles um fatal. Parecia tão real o momento do último disparo, consigo lembrar ainda da cena de desespero: Eu pedia por favor ao marginal que não me matasse, mas ele não teve piedade e apontou a arma pro meu rosto... Acho que eu morri, não tenho certeza pois foi quando acordei suando em bicas e chorando. Acendi a luz pra ter certeza de que estava no meu quarto, inteira e logo pude suspirar aliviada... Tinha sido só mais um pesadelo. Voltei a dormir com dificuldade, a ideia de morte estava fixa em minha mente. Sobretudo parecia muito irônico aquele meu desespero diante do fim iminente, eu não me lembrava de ser tão apegada à vida assim. Sem contar que o sonho trazia outras circunstâncias terríveis, como a morte de pessoas queridas... Porque eu imploraria pela vida daquela forma? Parece meio esquisito fazer tantas divagações acerca de um pesadelo bobo, mas às tantas da noite e ainda meio zonza pelas horas de sono, a importância real das coisas não fazia o menor sentido. Além do mais, sei lá, mas esse sonho parecia fazer algum sentido pra mim, como uma lição de vida ou coisa parecida (e essas coisas me assustam). Mas aí eu acabei dormindo de novo e não cheguei a conclusão nenhuma, como era de se esperar.

Pois que hoje, me deparando com esse tema fúnebre, a primeira coisa que me veio à mente foi esse episódio imaginário (mas muito real por meu gosto). Será que eu me comportaria daquela forma se tivesse que enfrentar a morte cara-a-cara? Eu teria tanto medo assim? Pra falar a verdade, bate um medinho só de pensar, mas acho que esse medo é mais da dor do que da morte em si. Talvez seja um medo parecido com aquele de minutos antes de arrancar um dente ou de tomar uma injeção. Tem gente que não tem medo dessas coisas, mas eu tenho, e muito! Acho que se alguém me apontasse uma arma eu ficaria pensando naquela bala perfurando meus órgãos e não no que aconteceria depois. A morte, morte mesmo é muito abstrata para nós, acho que foge ao nosso entendimento. Talvez não seja mesmo pra compreendermos, talvez não haja nada além da perda de nossos corpitchus... Quem saberá? A única coisa certa é que todos passaremos por isso, seja bom ou ruim. E, enquanto o grande momento não chega, acho que eu, como qualquer outra pessoa, estarei refém dos meus instintos pró-vida que talvez me farão implorar algum dia para permanecer aqui, mesmo que isso não faça o menor sentido. Afinal, antes de um homo sapiens pensante, há aqui dentro um ser humano frágil e cheio de heranças genéticas dos homens das cavernas que enfrentavam mamutes gigantes e feras implacáveis. Imagina se eles não tivessem medo de morrer?!

O Que Eles Querem Dizer?

Todos os dias quando chego em casa, à noite, a primeira coisa que faço é dizer oi pro meu gatinho... Ele sempre mia, como se tivesse correspondendo o "oi". Mas, sabendo que gatos são interesseiros e maliciosos, eu sempre pensei que esse miadinho significava que ele queria alguma coisa. Aí eu resolvi dar uma pesquisadinha de leve sobre o assunto e descobri que os gatos se comunicam conosco o tempo todo e que eles se expressam de várias formas diferentes pra nos dizer o que querem. Pensando nisso, eu resolvi criar um pequeno dicionário miauês-português. Se será útil eu não sei, só sei que ficou muito fofo e engrçadinho:

Miado Curto: "Olá!"
Miados Múltiplos : "Olá!!! Tudo bem? Tudo bem? Olá!"
Miado em tom médio: "Só um pedacinho, vai?"
Ronronado suave: "To carente..."
Ronronado grave: "Que sujeira é essa??"
Ronronado agudo: "AAAI... Ta doendo!!"
Murúrio: "Oh vida... Oh azar..."

E há também a linguagem corporal:

Cauda ereta: "Oba, oba, oba!"
Cauda curvada: "Vem que cê vai ver, vem?"
Cauda com pelo eriçado: "Opa!"
Cauda balançando: "Que saco!"
Costas arqueadas para cima: "Vixi!"
Cheirar o rosto: "Cara, craxá..."
Olhos piscando: "Tô peixonado..."
Orelhas para trás: "O QUE??"
Orelhas para trás e deitadas: "Ai, que medinho..."
Passar a cabeça e cauda em uma pessoa: "E aí, meu brother?"
Barriga virada para cima: "Adolo voxê..."
Corpo encostado no chão e orelhas
abaixadas: "Sim, mestre?"
Corpo agachado e com a cauda enrolada ao seu
redor: "Eu mordo, heim?"

Fonte: www.vitaraca.com.br