Muita Preguiça

26 dezembro, 2012

Sempre me importei demais com coisas banais, gastei energia, emoções, consideração com ilusões e tolices. Quando percebi o quanto meu mundo é pequeno e besta, tive vergonha, quis ser outra pessoa qualquer, menos esse ridículo eu. Talvez o meu maior sonho seja o de encontrar um significado para minha existência, um dia acordar e saber qual é o meu lugar de direito no espaço-tempo. Isso ainda não aconteceu, sabe? E acho que está longe, longe, porque minhas pernas são curtas e minha persistência anêmica. Meus ideais chegam a ter um brilhosinho de valentia, mas todo mundo sabe que só isso não é o bastante.

We Heart It
Fico realmente intrigada observando pessoas que fizeram coisas significantes na vida, sejam pequenas ou grandes, mas fizeram. Não faço parte desse grupo seleto que parece ter um objetivo, uma meta e vai lá atrás, feito formiguinhas, movidas a sei lá que força, e um dia conseguem. Não sei bem o gosto de 'conseguir', experimentei poucas vezes.

 Me faltam vitaminas, talvez careça de amor-próprio, ou, o mais certo, sou uma preguiçosa, sem muita disposição no momento para mudar este quadro. Alguma coisa dentro de mim reclama, mas eu aguento, nunca ouvi dizer de alguém que morreu disso!

Jardim de Keukenhof

22 novembro, 2012
Uma das coisas que mais me deprime é pensar nos lugares do mundo que eu nunca fui e provavelmente nunca poderei ir. Não sou o tipo de pessoa que vive se lamentando por ser pobre e babando na frente de vitrines; graças ao meu bom senso não desenvolvi o consumismo, aquela necessidade visceral de TER isso e aquilo da moda. Pelo contrário, procuro cultivar o desapego o máximo possível. Mas, se existe um motivo que me faz às vezes desejar ser bem de vida, certamente é viajar e exercer meu direito universal de ir e vir. Não sei se é porque moro numa cidade feia e sem atrativos, ou porque a grama do vizinho é sempre mais verde, mas meus olhos e desejos sempre estão voltados para o exterior, principalmente –mas não só– Europa. Meu coração palpita, de verdade; meus olhos brilham e minha boca saliva. Amo livros, reportagens, filmes, imagens, o que for sobre viagens. Então, num acesso de masoquismo, tive a idéia de pautar os lugares que eu gostaria de ir, lugares especiais que fazem vibrar meus anseios nômades. Ando precisada de inspiração, esse é o motivo principal, eu acho. E também porque no fundo acredito naquela baboseira de lei da atração.

Enfim, para começar escolhi um local na Holanda, país que simpatizo muito, pois me remete à sensação de ventos invernais no rosto e cheiro de verduras frescas e tem maconha liberada. Hoje estava pesquisando sobre tulipas e vim saber da existência do Jardim de Keukenhof, próximo a Amsterdã, que é simplesmente o maior jardim de flores do mundo! Lá são plantados milhões de bulbos (são como ‘cebolas’, que dão origem a plantas lindas como tulipas e lírios) todos os anos, fora outros tipos de formas vegetais graciosas, então o resultado é um lugar com flores e árvores de todas as cores e feitios, ocupando 32 hectares de largura.


A história do lugar também é interessante, o nome significa, em português, "Jardim da Cozinha", pois em tempos antigos era uma área de caça e local de coleta de ervas aromáticas dos donos de um castelo. Um pouco mais tarde se tornou um jardim particular e hoje é propriedade de uma Fundação e aberto para visitação durante dois meses por ano, que é a época da primavera naquele país. Nem preciso dizer que deve ser um lugar mágico e perfumado, inebriante! As fotos não mentem.


Por coincidência, um dia depois de fazer o rascunho desse texto, comecei a ler A Culpa É das Estrelas e a história tem toda uma relação com Amsterdã, e aí lembrei também da casa da Anny Frank, o que fez aumentar algumas dezenas de vezes minha vontade de ir para aqueles lados. Vontade que nesta vida tem chances quase nulas de ser realizada, mas tudo bem... Fico um pouco feliz só pelo fato de existir um lugar assim no mundo.


Estas fotos eu retirei do site oficial de Keukenhof e tem muito mais aqui.
Outras fontes: Brasileiros na Holanda e Dicas de Turismo.

Um Teto Sobre Mim

01 julho, 2012
Duitang

Não, nada é imutável, o tempo existe e tudo passa. Chegrá logo o tempo em que minha própria existência será um sopro no passado, que dirá meu presente, esse frágil e efêmero hoje! Um dia tive o triste sonho de ficar parada, inerte, imaginei que isto fosse ‘equilíbrio’, na verdade a saída perfeita para minha insegurança e minha falta de mim. Porque pensava que EU existia apenas nas coisas, no hoje, no meu mundo, nas paredes e na mobília. Feliz foi o dia em que me disseram que eu poderia SER em qualquer lugar, em qualquer tempo, descobri que não precisaria temer a rotação da terra, nem o andar da carruagem, nem as fases da lua, pois meu mundo antes de todos os outros será sempre minha própria profundeza, meu coração, minha alma, onde também existem Deus e outras coisas luminosas e imutáveis, como o amor e a esperança. Conhecendo e tendo acesso a este lugar, o resto será sempre apenas o lado de fora, a paisagem na janela. E, sendo assim, não importa tanto se estiver sol ou chuva, haverá sempre calor e cor do lado de dentro.

Frozen

18 junho, 2012
We Heart It

"Já estou cheio de me sentir vazio
Meu corpo é quente e estou sentindo frio..."

Eu sempre disse aos quatro ventos que prefiro o frio, que queria morar no sul, que amo cappuccino... Mas, recentemente alguma metamorfose ocorreu dentro de mim e estou me sentindo péssima nesse outono/inverno, como se minha alma tivesse resolvido hibernar e meu corpo passado para 'ponto-morto', nunca tive tanta estima pelo meu edredom e tanta aversão pelo 'lá fora' quanto nessas últimas semanas. E, eu me sinto meio pelada e marrom feito árvore de folhas caducas, só que não tenho permissão para ficar paradinha esperando a primavera, eu tenho que fazer minha fotossíntese forçada, preciso me esgueirar e ir buscar o pouquinho de sol de cada dia para não fenecer. O amor está ralo no sangue, e isso torna tudo mais amargo e insípido, às vezes até o ar entra dolorido nos pulmões, porque é frio, ou porque eu deveria ser quente, não sei.

Caminho do Inverno

10 abril, 2012
We Heart It

Estar num inverno feio e rigoroso, do lado de fora, tiritando de frio enquanto uma linda e iluminada cabana oferece calor e conforto. É difícil até mesmo olhar pelas janelas sem sentir o amargo no coração por não estar lá dentro. O frio é a verdade, a cabana é a mentira, as ilusões, as fantasias. Quando eu minto, eu escolho entrar, me aconchegar, ignorar a neve, eu escolho estar perto do fogo, me aquecer, eu escolho ser fraca. Mas, se eu escolho a verdade, estou renegando a doçura imediata, estou optando pelo seco e duro sofrimento que faz meus lábios descascarem. Sem entender completamente porque faço isto, pois neste momento eu não enxergo a esperança, apenas a brancura e o cinza do inverno. Mas, eu sei que este é o caminho, apesar de não saber para onde. Minha alma é que escolhe, o resto de mim apenas perece. Eu escolhi a verdade, porque um dia entendi que assim é ser forte.

Defendor

18 fevereiro, 2012
Estávamos procurando uma comédia para completar os filmes da promoção de carnaval (7 filmes por R$ 14) e meu namorado escolheu este, pois parecia ter a mesma temática do Kik-Ass, de um super-herói no mundo real.

Google
Bem, mas o filme não é um comédia, ou pelo menos não só isso. Defendor é a identidade secreta de Arthur, um homem de meia-idade com problemas mentais, o maior deles, sem-dúvida, a inocência; o personagem lembra muito Forrest Gump, com uma bondade sincera e idéias infantis e literais demais. Não é uma trama feliz, apesar de conter algumas cenas engraçadas, a história se passa num submundo repleto de prostituição, drogas e pessoas ruins de verdade, onde este peculiar super-herói –cujo logo do uniforme é feito com fita silver tape e as armas são bolinhas de gude e vespas– se mete com o objetivo fantasioso de vingar a morte de sua mãe, baseando sua coragem na própria falta de senso de realidade. Devo dizer que dá muita pena do Arthur, há cenas em que fica muito evidente como ele é patético, parecendo mesmo uma criança grande que chora e sorri bobamente. Impossível não simpatizar, torcer por ele e se emocionar com a sua simplicidade de pensamento, as lágrimas me vieram aos olhos algumas vezes.

É interessante observar que as pessoas 'do crime', cruéis e capazes de tudo por seu objetivos, são tão absurdas quanto o seu extremo oposto, representado pela piada do super-herói bem-intencionado, mas apenas este último e considerado louco. Tirar vidas e explorar pessoas é mais aceitável do que defender a vida, amar as pessoas e se arriscar por elas. É uma realidade a se pensar.

O Chamado

15 fevereiro, 2012
We Heart It

Há alguns dias atrás, eu achava mesmo que tudo que eu aspirava se resumia a uma vida tranquila, que incluia não muito mais que uma existência pacata, cuidando do jardim e confeccionando cortinas coloridas, na casinha própria dos sonhos. Porém, aconteceu que, num belo dia, eu tive um choque de realidade, ou talvez um choque de ilusão, e meu coração começou a se sentir oprimido em meio a esses desejos e à minha propria rotina. Percebi que o sonho cor-de-rosa talvez não seja o bastante para satisfazer os anseios da minha alma, meu coração tem gritado: eu quero mais!

Tenho medo desses sentimentos de pássaro engaiolado pois não aprecio a incerteza de certos caminhos nem sei se seria capaz de trilha-los. Gostava mais dos sonhos de antes, porque estes de agora me deixam sempre com a sensação inquietante de que meu destino corre longe, muito longe, num lugar que talvez eu não esteja preparada para ir. A vida parece cruel quando nos damos conta de que quase nunca somos consultados a respeito da nossa própria sina, mas esta é a lei divina da natureza e também do coração humano, quando nele existe a pureza e humildade de aceitar ser apenas parte de todas as coisas.