Ceticismo x Esperança

29 janeiro, 2010




Vítimas de uma
bomba atômica,
em Hiroshima









Vítima do terremoto,
no Haiti


“Haiti” tem feito parte de muitas manchetes importantes pelo mundo. A tragédia que assolou o já miserável país mobilizou o planeta e fez nascer uma enorme corrente de solidariedade internacional. “Até a China está ajudando”, meu pai me disse outro dia. Artistas famosos, pessoas comuns, países aliados e inimigos tem se mobilizado em prol dos milhares de desabrigados e feridos.
Tudo isso é muito bonito e traz uma perspectiva positiva. Ajudar é muito humano...

Mas, ironicamente, eu não consigo deixar de comparar essa tragédia natural e acidental às tantas outras criadas pelo próprio homem. Bombas nucleares, massacres sangrentos, morte de milhares de civis em guerras. Por muitas vezes o próprio homem fez papel de terremotos e tsunamis, suprimindo populações inteiras e trazendo dor e desolação. A impressão é que só admitimos nossa fraternidade quando temos um inimigo em comum, neste caso a natureza. Quando há interesses divergentes, fingimos ser de espécies diferentes. Mata-se por dinheiro, por interesses, por poder. Joga-se bomba num povo e depois ajuda outro, como se houvesse distinção de sofrimento, como se a dor fosse diferente.

Acreditar no amor é essencial pra se ter ao menos um fio de esperança. Talvez seja o início da mudança e a solidariedade se alastre do Haiti para o mundo. Penso que o ceticismo seja o sentimento do século, não sem razão. Mas, a esperança é última que morre, disse alguém.

Wrong!

20 janeiro, 2010



Errar é humano, dizem. Verdade e fato, pois as coisas ruins e imperfeitas são prioridades humanas mesmo. Erros podem significar de joelhos ralados uma demissão fulminante, não há que preveja, não há quem escape e, principalmente, não há quem goste. O sabor é amargo e as sensações podem variar de doloridas a humilhantes.

Mas, é necessário, já ouvi dizerem. Necessário como aquela injeção dolorida, que inflama e depois deixa a marquinha... "Marquinha" pode ser eufemismo de um trauma sem precedentes quando se trata de erros humanos. Algumas pessoas vêem sua auto-estima reduzida à insegurança ou jamais conseguem esquecer 'aquela cena'. Alguém me disse certa vez que gostaria de fazer lavagem cerebral pra esquecer certas coisas... Lembrança tem um nome bonito, mas tem o poder de trazer de volta sentimentos não muito agradáveis às vezes. Acho mesmo, que se existisse um 'apagador de memórias', seria um sucesso de vendas!

Mas, pensando bem, me lembro de quando eu era criança e botei o dedinho dentro da grade do ventilador. Me custou uma unha quebrada, mas, desde então, eu fico longe de lâminas giratórias... Foi um aprendizado, dolorido, mas positivo. Por isso, os erros fazem parte da sobrevivência e são necessários. Tudo o que o nosso instinto falido de ser humano imperfeito não consegue 'captar', tem que ser, infelizmente, aprendido na marra. Quem nunca disse "Nunca mais faço isso", frente a uma experiência desagradável? É errando que se aprende e se evolui. Pensar nisso ajuda a superar as pedras do caminho que ferem os pés. Ser mais forte é a recompensa de tudo isso.