Aniversário de 18 anos é aquela coisa neh? Maioridade, nova vida, milhões de promessas, inclusive a do final da 'vida mansa', início da dureza, da obrigação de decidir quem você será afinal.
A aniversariante, sentada sozinha na cama, admira sorrindo os presentes que ganhou, entre eles vários porta-retratos e caixinhas de música. Ela pega uma delas com curiosidade (quem sabe não tem uma bailarina dentro?) a fim de ouvir a musiquinha, que deveria ser Pour Elise. Mas, a mãe aparece na porta de repente, com um sorriso estranho no rosto, as mãos escondendo algo nas costas.
–Tenho um presente pra você, querida! –e, finalmente, mostra o embrulho vermelho e cintilante, algumas lágrimas começam a empoçar o olho esquerdo.– Abra!
–T-tudo bem, mamãe, obrigada...
A recém-adulta pega nas mãos a caixa bonita, achando meio estranha a cerimônia de entrega. Pensa se não é a chave de um carro ou uma passagem pra Londres, quem sabe? Desfaz devagar o laço também vermelho, o coração acelera um pouquinho. Finalmente abre a caixa... E o susto:
–Mas, o que é isso? –ela se levanta da cama, os olhos arregalados de surpresa.
–Ora filhinha... –a mãe começa a chorar de verdade ainda com o sorriso estranho no rosto.– São os planos e sonhos que fiz especialmente pra minha princesinha! Você bem sabe que não pude realizar muita coisa na minha vida, mas tenho certeza de que você poderá.
Espantada, a garota observa um pouco os sonhos e planos dentro da caixa. Acha-os bonitos até... Mas, nessa altura do campeonato, ela já tinha seus próprios e se sentiu extremamente triste frente à ideia de abandoná-los. Também sentiu uma pontada no peito ao pensar em decepcionar a mãe, que certamente sonhava vê-la realizando-os.
Pensou que era muita crueldade ela ser obrigada a fazer uma escolha dessas, não concordou que aquilo podia ser chamado de 'presente'. Mas, também não parecia lógico que a mãe queria seu mal...
Por fim, deu um sorriso amarelo e abraçou com carinho a pessoa que mais amava no mundo.
–Obrigada, mamãe, foi o melhor presente do mundo! –e fechou novamente a caixa, escondendo uma lagriminha no canto do olho.– Que tal comermos bolo agora?
Acho que não preciso dizer o quanto é frustrante quando alguém tenta fazer planos por mim. Sei lá, me parece muita prepotência pensar conhecer a felicidade dos outros, não? Acho difícil alguém conhecer a própria! Enfim... Fica o desabafo de última hora!
Obs: Tem uma brincadeira muito legal no blog da Rebeca, achei divertida e participei :) Olha lá!