A ilha de páscoa

24 maio, 2013
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Eram os deuses astronautas?

A primeira vez que ouvi falar da Ilha de Páscoa foi em algum documentário na televisão, lembro que fiquei curiosa sobre o local, achei especial e intrigante, até fiz algumas pesquisas. Então, eu li ano passado o livro do suiço Erich von Däniken, De Volta Às Estrelas, e lá estavam alguma páginas sobre esse lugar. Esse autor sempre é citado quando o assunto é extraterrestres e mistérios afins, podemos dizer que é um maluco aficionado  no assunto. Viajou muito, fez vasta pesquisa e tem versões provocadoras sobre a história da humanidade, relacionando arqueologia e até a bíblia com a influência de contatos extraterrestres em tempos remotos; Neste livro, entre outros que também pretendo ler, ele mostra algumas coisinhas inexplicáveis na terra, que segundo ele só poderiam ser obra dos alienígenas. Uma delas, ou melhor, algumas centenas estão na ilha de páscoa do Chile.

A ilha foi descoberta por um holandês em 1972 e tem esse nome porque isso ocorreu num domingo de páscoa. Cercada pelo oceano pacífico, é considerada a porção de terra mais isolada do restante da humanidade; e como não basta ser ermo para ser misterioso, o local é 'decorado' por estranhos homens de pedra, posicionados de costas para o mar, como vigias grandalhões.

Estranho Curioso

Essas enormes estátuas, chamadas de Moais, são constituídas de rocha vulcânica muito dura e pesam centenas de toneladas. Alguns acreditam que foram fabricadas pelos nativos (os rapanuis) há mais ou menos 700 anos, mas é impossível não ter dúvidas sobre isso.

"Ninguém, até agora, pôde apresentar motivos razoavelmente convincentes por que
algumas centenas de polinésios, que já tinham bastantes problemas para assegurar sua nutrição, se tivessem cansado em criar mais ou menos 600 estátuas enormes. "

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Erich von Däniken tem sua própria versão, que como eu já disse, envolve contato extraterrestre, o que explicaria também o fato de a escrita dessa população  antiga até hoje não ter sido decifrada pelos pesquisadores, mesmo esta civilização sendo considerada relativamente nova.

"(...) Talvez, para lhes deixar uma lembrança perene de sua presença, mas também, muito mais provavelmente, a título de sinalização aos amigos que por eles procurassem, os estranhos acabaram por arrancar, certo dia, uma estátua colossal do rochedo vulcânico. Seguiram-se outros gigantes de pedra, que erigiram ao longo da costa, sobre altos pedestais que os tornavam visíveis a grande distância."

Um parêntese interessante sobre o povo que lá existia, é que existem indício de que a sua decadência teve influência direta da não preservação do meio-ambiente. Resumindo: os recursos  naturais foram destruídos, o solo sofreu erosão e provocou fome, crise e ruína.  Preciso dizer que o planeta inteiro está seguindo o mesmo rumo?

Andarilhos do Mundo

Definitivamente não é o que se possa chamar de natureza exuberante, mas gosto desse lugar pela sensação mística que parece ter, além de vários elementos que aprecio: cheiro do mar, amplitude, barulho dos ventos,  paz, cavalos selvagens (!), isolamento, passado impregnado.

E lá também têm cavernas, lagos vulcânicos, museus, e claro, curiosidades sobre os Moais, como por exemplo a rocha-usina onde ainda têm algumas cabeçonas inacabadas e presas à pedra. Como adoro caminhadas, ia me acabar de andar nas trilhas cercadas de gramíneas.

MZELIA ZUCCOLO - dicas do caderninho

Penso que a existência de coisas ao menos um pouco duvidosas é importante para lembrarmos que nem tudo se resume a visão materialista da humanidade de que podemos controlar, dissecar e explicar tudo. Mistérios servem, entre outras coisas, para nos colocar no nosso devido lugar.

Fontes: Andarilhos do Mundo, MZELIA ZUCCOLO, Estranho Curioso, Guia do Estudante Abril. Citações do livro De Volta às Estrelas de Erich von Däniken.

O Mito da beleza - Naomi Wolf

04 maio, 2013
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Nunca tinha ouvido falar desse livro antes de começar a ler blogs feministas. A dica veio primeiramente do blog da Lola, mas percebi que várias outras blogueiras já haviam lido e considerado 'obrigatório'. E agora que eu também li, reitero que realmente o é.

O formato não é de romance, é mais como uma conversa reveladora com uma amiga ou professora muito inteligente e bem-informada. O livro é dividido em partes, mais ou menos descrevendo o papel da mulher em cada faceta da sociedade e como o mito da beleza influencia esses papeis. Por exemplo: Cultura, trabalho, religião, em que são abordados assuntos variados, como anorexia/bulimia, cirurgias plásticas, história dos movimentos feministas, etc.

Aprendi com essa leitura coisas novas e muito importantes para mim, como mulher e como pessoa,  entre as quais algumas que gostaria de destacar:

 1) A rivalidade entre as mulheres não é algo natural, mas 'plantado' em nossa cultura.
"É mais difícil encontrar a solidariedade quando as mulheres aprendem a se ver mutuamente em primeiro lugar como beldades. O mito faz com que as mulheres acreditem que é cada uma por si."
 Sabe aquele lema, "dividir para conquistar"? Sim, a autora se baseia numa espécie de conspiração da sociedade contra o sexo feminino, e  explica que isso é devido ao paternalismo presente nas estruturas de poder, hoje e no passado, o que sempre colocou a ascensão feminina como uma ameaça a quem está no topo e não deseja, de modo algum, que ocorram mudanças. E ela apresenta dados que exemplificam a pouca participação da mulher na economia, política, cultura, fazendo perceber porque o sexo feminino é como uma 'minoria oprimida', apesar de sermos basicamente 50% da população.
 "A lógica da beleza insiste que as mulheres considerem umas às outras como possíveis adversárias até descobrirem que são amigas."

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2) 'Feiura' e 'beleza' não são conceitos biológicos e instintivos, como estamos acostumadxs a pensar, mas sim inventados de acordo com a necessidade política do cenário histórico.
"A sociedade de fato não se importa com a aparência das mulheres por si. O que realmente importa é manter as mulheres dispostas a permitir que outros lhes digam o que podem e o que não podem ter. Em outras palavras, as mulheres são vigiadas, não para que se tenha certeza de que se comportarão, mas para se ter certeza de que elas saibam que estão sendo vigiadas."
Prova disso é que ao longo dos anos, o padrão de beleza já passou por diversas mudanças e é muito provável que continuará 'se adequando'. Esses conceitos existem hoje para oprimir as mulheres fazendo com que odeiem seus corpos e alimentem a indústria da estética, buscando um padrão que é propositalmente abstrato para que nunca seja alcançado. De quebra,  as mulheres gastam o seu tempo hábil se embelezando, quando poderiam estar estudando, se tornando instruídas, e lutando contra a opressão.

3) O machismo não é intrínseco aos homens (!).
"Os homens são estimulados visualmente pelos corpos femininos e demonstram menos vulnerabilidade às personalidades das mulheres porque desde cedo são treinados a reagir assim, enquanto as mulheres são menos estimuladas visualmente e mais emocionalmente por ser este último o treinamento que recebem."
Eles também sofrem pressão do meio para objetificar a mulher, e também pra eles são impostos os conceitos de beleza e feiura. Claro que o modo como são atingidos é diferente, mas a consequência é infelicidade geral, pois é difícil construir relações profundas e substanciais baseando-se em aparência, concorda? Uma observação minha fora do livro é que devagar os homens também estão se tornando alvos das propagandas estéticas. Ou seja, está se formando um mito da beleza masculino, e em breve eles também serão proibidos de envelhecer, engordar e ter 'pelos demais'. Claro que isso não será bom para a as mulheres, muito menos para o planeta, que não poderá sustentar por muito mais tempo essa indústria capitalista nervosa. A libertação do mito da beleza é boa para ambos os sexos, para a humanidade, e muitos já se deram conta disso.  
"A paz e a confiança entre homens e mulheres que se amam seria tão prejudicial para a economia de consumo e para a estrutura do poder quanto a paz na terra o seria para o complexo industrial-militar."

São  tratados diversos outros assuntos, de forma muito mais aprofundada do que escrevi. E, no final,  a autora apresentou um caminho de esperanças contra essas amarras invisíveis, o que considerei muito bem colocado, pois ao longo do livro  são mostradas verdades quase sempre amargas.

 Recomendo enfaticamente esta leitura para todxs, especialmente para as adolescentes, pois lança uma luz muito esclarecedora sobre as pressões da sociedade e da cultura sobre nós, que é muito intensa nessa época da vida, e mostra uma alternativa libertadora de tão simples: Amar nosso corpo, simplesmente porque existimos dentro dele.

 "Se o fato de ser amada "do jeito que é" fosse considerado mais excitante do que receber uma classificação de quatro estrelas, a mulher se sentiria segura, desejável, insubstituível, mas nesse caso ela não precisaria comprar tantos produtos. Ela gostaria demais de si mesma. Ela gostaria demais das outras mulheres. Ela levantaria a voz."


Para quem gosta de ler em PDF, pode baixar o livro de graça nesse link, que copiei do blog da Lola.