Salvador de Estrelas

20 fevereiro, 2011


No litoral de alguma cidadezinha pacata, vivia um velho e famoso escritor, que se inspirava no mar e tinha o hábito de, todas as manhãs passear pela orla deserta e, à tarde escrever lindas histórias.

Certo dia, no seu passeio solitário, ele avistou mais adiante o que parecia ser alguém jogando coisas ao mar. Curioso como alguém que se interessa por tudo nessa vida, ele apertou o passo para ter com a figura que nunca vira antes por ali.

Chegando mais perto, pode perceber que se tratava de um rapaz e que o que ele atirava eram estrelas de volta às ondas. Achando aquilo totalmente estúpido, sentiu-se obrigado a interpelá-lo: –Meu garoto, o que acha que está fazendo?

–O que parece que estou fazendo? –O jovem ofegava um pouco e parecia chateado por ser interrompido.– Estou salvando essas estrelas do ressecamento. –E pegou mais uma e mais outra.

O escritor pos as mãos sobre os olhos, fazendo força para olhar ao longe. E, até onde podia enxergar, havia estrelas na areia.

–Mas, há milhares delas... Você acha que seu esforço fará alguma diferença?

O rapaz pegou mais uma, olhou por um segundo para os tentáculos alaranjados e a jogou ao mar: – Pra essa, eu fiz.

O velho deixou o garoto em paz e continuou seu caminho. Naquela tarde, não escreveu história alguma, mas, na manhã seguinte, como em todas as outras que se seguiram, passou também a salvar estrelas.
Essa história foi contada numa palestra que assisti no sábado e agora recontada pelas minhas palavras. Achei muito comovente a lição dela. Nos dias de hoje, quando tudo e todos viram números, o valor de cada vida acaba sendo esquecido... Isso é algo realmente triste, pois muitas coisas preciosas se perdem, engolidas pela lei cruel 'do que é mais importante'.

Fim é fim.

16 fevereiro, 2011
"Como dizer a uma pessoa que ela não cabe mais na sua vida? Rápida, doce ou calmamente?
Talvez ele já saiba, talvez entre em choque, talvez me chinge ou beije meus pés em pranto. Essa última eu considero com uma meia careta, pois não sou chegada a humilhações... 

Tudo ficaria tão mais fácil se ele concordasse comigo, que as coisas não são mais como deveriam ser, e que, sim, é mesmo hora de terminar! Queria não ter que dizer que suas conversas me enfadam e que eu não sinto mais atração física por ele... Seria ótimo se homens fossem sensíveis ao ponto de reparar nesses 'detalhes.' E, se ele fosse maduro o bastante, nós até poderíamos continuar como amigos, dar as mãos e dizer que foi bom enquanto durou... Que sonho! Até parece que eu esqueci quem é meu namorado... certamente vai ser difícil e mais dramático possivel..."

–Já acordou, Maria? –Um homem de roupão entra no quarto com uma bandeja de café da manhã.

"Bandido! Ele já sabe que pretendo terminar... Agora vai tentar me chantagear com mimos. Mas de hoje não passa!"

–Como foi a noite? –Ele acomoda as bandeja na cama e passa manteiga  numa torradinha.

–Ahm... Foi boa. Esse iogurte é de que?

–Morango... Você não gosta, esqueci.

–Tudo bem, eu tomo café mesmo. –Ela percebe que o namorado para de comer e a encara, sério.– O que foi? A manteiga está ruim?

–Não, a manteiga está ótima... É só que... Eu tenho algo serio a dizer...

–O que é?

–Sabe, você é uma pessoa maravilhosa. Mas... As coisas não tem sido como deveriam ser... E eu sinto que te chateio com meus assuntos.

Ela fica paralisada com a xícara a meio caminho da boca: –M-mas...

–Bem, eu acho que deveríamos dar um tempo...

–Você está terminando comigo? –A voz saiu meio rouca.

–Bem... Sim. Acho que é a hora.

–O que?? Você tem outra por acaso??

–N-não! Achei que você entenderia...

–Entender o que? Que você tem outra e agora que me largar?! –Ela aumentou muito o tom da voz e começou a chorar.

–Eu não...

–Reginaldo, você é um canalha!

–Nós podemos ser amigos... Foi bom enquanto durou.

–Para com essa conversa mole, seu cachorro! –A essa altura o iogurte e todos os itens da bandeja já manchavam os lençóis. Maria, estérica, se preparava pra rasgar um travesseiro. Assustado e apenas com sua torrada mordida a salvo, ele se levanta para sair do quarto.

–Onde você vai?? Ligar para a vagaba e dizer que serviço está feito?

–Eu já disse que não tem ninguém! Você é louca... Eu vou embora.

–Não me deixe, por favor!!! –Ela correu e agarrou as pernas dele, chorando e gritando.

Só pra salientar que dar e receber um pé na bunda são situações dramáticamente distintas... Inspirado no tema da semana do Blorkutando.

Be Cool

09 fevereiro, 2011

Assim como as formigas, nós vivemos de forma coletiva. Desse modo, é praticamente impossivel fugir da convívio com um ou mais grupos de pessoas durante nossa curta vida. Mas, acho que, diferente de outras sociedades na natureza, nossa convivência 'forçada' não é sempre benéfica para todos. Mesmo que lá no nosso âmago saibamos que somo exatamente como deveríamos ser, a tal sociedade do lado de fora e seus estereótipos impossíveis de serem alcançados às vezes  coloca na nossa pobre mente a vontade perigosa de ser uma outra pessoa: Mais magra, mais bonita, mais 'por dentro', mais rica, etc. Mesmo que não faça o menor sentido, a necessidade de pertender a alguma 'elite' cresce dentro de nós. É difícil resistir a isso, por mais que sejamos seguros de nós, a impressão é a de que nadamos contra uma forte correnteza.

Estudamos pra ser ricos e bonitos, esse parece ser o objetivo de todas as pessoas; enquanto isso, 'desaprendemos' coisas que eram importantes no passado e que esperamos nunca voltarem a ser. Mas, quem sabe o dia de amanhã? Bem, digo que onde moro, sobram advogados e faltam jardineiros. Pra mim, parece muito simples que quando todos vão em direção a uma só porta, alguém certamente irá ficar do lado de fora. Mas, em geral as pessoas fecham os olhos pra muitas coisas simples, como por exemplo que não se mede o valor de ninguém pelo colarinho ou que é muito injusto eu ter um milhão na conta e explorar meus funcionários. A sociedade tem muitos vícios sem sentido, muitas opiniões formadas na idade da pedra e que ainda imperam, dentre elas esse enorme egoísmo e a idéia fixa de que eu só ganho se o outro perder. Não sei se eu vou viver pra ver esse estigma mudando, mas acho mesmo que não seja tão difícil assim transformar esse 'mundo dos espertos' no 'mundo do melhor pra todos'. Basta primeira e simplesmente querer.

Hum, comecei falando de uma coisa e terminei num assunto diferente, mas são coisas muito ligadas, eu acho. Ah é: voltei minha gente! De cara nova e tudo, mas não esperem nenhuma revolução, porque eu continuo em marcha lenta.
Estive olhando meus comentários passados, e vi que algumas pessoas me indicaram pra selos e eu nem tchun. Me desculpem, ok? Eu gosto de selos sim, mas é que esqueço ou fico jogando pra frente... Aqui alguns amigos que me indicaram: Penso logo blogo, Level Up, Cheio de Segredos, Surtos Talvez Lúcidos, Violetas que Plantei, Isso é Só Um Sonho e Guria. Alguns eu ainda posto, mas fica aí a satisfação e obrigada por terem lembrado de mim.