Cansaço

30 agosto, 2010

-Porque você não vai embora de uma vez? - A menina viu a raiva nos olhos da mãe, isso foi o que mais a magoou. Não era possível que algo tão banal fosse capaz de transformar o que deveria ser amor em ódio e desprezo! Sentiu alguma coisa congelar no peito, não discutiu dessa vez.

-Tudo bem, disse olhando pro chão e saiu porta afora sem olhar para trás.

Lá fora, com o coração magoado e despedaçado, a garota, mais sozinha que nunca, tentava imaginar uma solução para o enigma obscuro que era sua vida. Se esforçava pra vislumbrar um norte luminoso, como sempre fizera ao longo de sua existência sofrida, mas seus olhos chorosos só conseguiam visualizar portas se fechando, caminhos sem volta, precipícios. Sentia-se cansada, culpada, deprimida. A única coisa que conseguia desejar era conforto e paz, não queria lutar, não sentia indignação ou ira. Apenas um enorme cansaço, cansaço de viver.

Orgulho

28 agosto, 2010

"Quantas chances desperdicei
quando o que eu mais queria
era provar pra todo o mundo
que eu não precisava provar nada pra ninguém"



Às vezes fico pensando em como seria encontrar comigo mesma sem todo esse orgulho, eu pura, recém nascida, eu só. O eu que certamente se escondeu quando aprendi o que é certo, errado, bonito, feio, educado... Como será eu sem essa vontade de agradar, de me encaixar, de fazer certo, de não errar português? Como serão as histórias que brotam lá do fundo do meu coração? Será que eu gosto mesmo de ameixa, essas roupas realmente combinam comigo? Ou tudo isso que acho que sou é apenas o resultado de uma centena de adiçoes aleatórias...? A vida chega a perder o sentido com tantas perguntas sem resposta.

Afastem-se! Crise de identidade latente... Posso dizer uma coisa? Estou sentindo meus textos tão vazios, como se estivessem mortos... Não, meu blog não vai entrar em pausa indeterminada (como muitos por aí que tenho visto), mas isso é mal sinal, confesso...

A Busca

22 agosto, 2010


A garota bem-sucedida olha pela janela embaçada do grande prédio de finanças. Lá fora a chuva cai de mansinho, fazendo-a se lembrar vagamente de como gostava dos dias chuvosos e brancos como aquele. Um pequeno –muito pequeno– arrepio de saudade lhe passa pelos pelinhos do braço e ela pensa com tristeza nas mais diversas coisas a que se tornou indiferente ao longo da busca. Vê as sombrinhas coloridas se embaralhando no passeio há 15 andares dela... Tão pequenas! “O mundo é mesmo pequeno”, pensa com desprezo e volta ao seu grande mundo feito de pilhas de papéis.

Hoje estava conversando com o Marcos sobre sucesso e realização pessoal. Comentei com tristeza que talvez eu não saiba correr atrás do sucesso como esse mundo de hoje exige. Coisas que dêem só dinheiro não fazem muito sentido pra mim, entendem? Parece muito cool pensar assim, mas verdadeiramente me sinto é muito ferrada. Abraços a todos!

Sob(re) as Máscaras

14 agosto, 2010
Imagem retirada do clipe Lost Cause - Beck


Não conseguir usar máscaras é um defeito gravíssimo nos dias de hoje, acredite! Quando o que você é não importa muito, é essencial saber se fantasiar do que pode oferecer. O mundo gira em torno de interesses, as amizades idem. E isso não é uma crítica, é apenas um relato: há coisas que são o que são e não podem ser mudadadas!

Ninguém gosta de demonstrar o quanto tem em comum com o próximo porque esse comum geralmente está nas fraquezas, dores, erros. É tão mais interessante mostrar o que se tem de melhor, de superiror, de diferente... Todos somos diferentes é claro! Mas não porque pertencemos a classes sociais diferentes, porque podemos comprar uma roupa exclusiva, porque só nós temos o último ipod. O modo como somos verdadeiramenete diferentes também não é mostrado, porque a essencia de cada um sempre fica para trás, escondida na vontade de poder oferecer algo e assim ter amigos, ser aceito.

Texto chato, eu sei. Praticamente um desabafo... Mas as coisas andam muito bem, obrigada! Quer dizer, tirando a falta de tempo pra blogar, ler e comentar os amigos daqui. Desculpem denovo...

Perfeição

05 agosto, 2010


Perdi as contas de quantas vezes ri do fulano com jeito poser, botinas e cabelo despenteado. O nariz meio grande, os olhinhos tão pretos e arqueados, o abraço magrinho, o sorriso moreno e doce, de chocolate!

Gosto tanto de você, de tudo aquilo que te faz você, do jeito que você mudou a minha vida e a sua, da sua coragem, bondade, malandragem –tudo junto! Seus vícios, manias bizarras, seus milhares de discos, o fone sempre no ouvido, a dança sempre no pé, o ‘igreis’ na ponta da língua, as piadas (quase) sempre engraçadas.

O sangue ‘da terrinha’, sotaque nordestino antes forte e agora cheio de “uais”, a simpatia irresistível que move montanhas, mas que ás vezes se transforma em sarcasmo exagerado. E esse estilo de vida demais: dormir demais, comer demais, internetar demais... Juro que ainda te boto em forma!

As desculpas depois do erro, o eterno ‘eu avisei’ que nem precisa sair da minha boca: você sabe ler meus olhos! É estranho como às vezes eu me irrito e dois segundos depois desirrito. É estranho como você me completa: feijão com arroz, sorvete e cobertura, macarrão e queijo. E, sobretudo, é muito estranho como você com sua imperfeição é tão perfeito pra mim.

(Em resposta a Marcos).

*Desculpas pela falta de educação de não ter respondido ainda os coments anteriores. Volta às aulas vocês sabem como é...