Caminho do Amor

26 agosto, 2011


"Eu vou dar em quê nessa vida, afinal?"

Ultimamente, essa questão vem martelando na minha mente mais do que nunca... É difícil viver sem saber ao certo o que esperar e desejar do futuro, um ser humano precisa de objetivos palpáveis, propósitos. E eu, por mais que às vezes desejasse ser outra cosia, sou um ser humano...

Quando eu era bem pequena, minha mãe me ensinou a dizer bonitinho que iria ser diplomata quando crescesse. Mesmo sem compreender o que um diplomata faz, a palavra soava bonita e eu deduzi ser algo importante... Então, como muitas crianças imaginam-se bailarinas ou astronautas, eu passei boa parte da infância a sonhar em ser diplomata, um disparate infantil que com o tempo foi apagando-se, mas que deixou um objetivo inconsciente: eu deveria ser grande e ter uma carreira de nome belo e imponente .

Observando as mulheres da geração da minha avó, sempre tive uma péssima impressão de suas vidas de donas de casa, cuidando de filhos e da casa e sustentando a família pelo lado mais rebaixado e infeliz. Eu via o mundo delas como opressivo e pequeno demais para uma existência satisfatória, tinha certeza de que jamais seguiria esse caminho, eu tinha certeza de que seria mais importante. Assim, eu não tive empenho nenhum em cozinhar, limpar, pois estas constituíam coisas humilhantes destinadas a outro tipo de pessoa, não a mim, que teria uma história muito mais significante. Acabei aprendendo os afazeres mais tarde, mas sem nunca me interessar ou achar que fossem dignos.

Pois bem, hoje eu estou aqui, sem emprego de nome bonito e sem a menor perspectiva de ter uma carreira tal qual de diplomata - que acabei descobrindo o que significa. Aprendi algumas coisas importantes com os pequenos baldes gelados que a vida despejou em mim...

Uma delas foi a ter uma nova visão sobre aquelas mulheres que tanto julguei. Entendi que o amor é capaz de tornar qualquer trabalho em um sentido para a vida e que os afazeres domésticos exalam dedicação pelos filhos, pelo marido e não apenas opressão e tristeza. Todas as pessoas nasceram com um objetivo e não é uma ocupação humilde que as torna menos importantes e sim se fazem aquilo do melhor modo que podem ou não. Hoje eu admiro muito minhas avós e tias-avós, e não sinto o menor receio de um dia a vida me colocar na mesma situação que elas viveram, pois sei que sou capaz de dar o melhor de mim e assim meu coração estará preenchido, fazendo o que for.

Esta história não ajuda muito com a tal necessidade humana de ter um objetivo, pois na verdade não sei ainda o que desejo ser mais tarde. A única coisa que concluo é que estaria feliz sendo útil e um instrumento do amor, como hoje reconheço que as pessoas que citei foram. É uma direção, mesmo que enevoada e bifurcada. E eu vou seguindo, cheia de boas intenções, esforço e esperança. É o melhor que posso fazer agora e portanto sinto que está bem por hoje, pelo menos enquanto o destino não resolve direito as coisas.

Forte

16 agosto, 2011


Em certas circunstâncias, a vida de repente parece nos empurrar para dentro de uma betoneira, que chacoalha, chacoalha... Ficamos tontos, machucados, trêmulos e sem forças; experimentamos o medo e a falta de fé. Não é sempre que conseguimos perceber, mas estes momentos costumam nos colocar entre duas difíceis possibilidades:  nos quebrarmos em pedaços beeem pequenos e impossiveis de colar denovo...

...ou virar concreto.

Meu Pai

14 agosto, 2011


Meu pai nunca foi um pai clichê... Pelo menos ele nunca jogou futebol comigo!E ele nunca foi o tipo que se esforça ao máximo para ser cálido e doce. Talvez porque ele seja bastante como eu (ou eu como ele), meio seco, rabugento-fingido, porém com um coração enorme e bastante dificuldade em dizer não. Já cansou de prometer: ‘Não faço mais nada pra fulano... ’ Mas acabava fazendo quando precisavam dele. Esse é meu pai.

Meu pai não venceu na vida, mas com ele eu aprendi que é possível viver com pouco e hoje esse é um dos meus principais valores: simplicidade, que na verdade nós não escolhemos ter, mas no fim percebemos que  nos faz ser mais fortes a atentos às pequenas alegrias.

Meu pai não está sempre certo, nem é capaz de dar jeito em qualquer problema, mas o simples fato de estar perto dele, me faz pensar que tudo está em seu lugar e tem jeito... Ele me ensinou muito sobre o destino e as coisas 'maiores'.

Meu pai não tem curso superior, mas ele me ensinou a fazer um bom café, a respeitar os outros, a ter afinidade com as coisas da natureza, a replantar uma muda. Ele me ensinou a ter minha própria opinião e a gostar dos livros, me ensinou a ver as horas e a escolher boas cenouras... Esse é meu pai.

Meu pai é aquele pai que não dá bola pra datas comemorativas e a espécie de pessoa que a gente se sente meio patético dizendo ‘eu te amo’, porque em todos esses anos acho que eu aprendi com ele uma coisa meio por conta-própria: Que palavras às vezes enfeitam, mas o que importa mesmo são as ações.

Climax

09 agosto, 2011

Já percebeu como a vida espelha aqueles filmes clichês? O mocinho-pobre-coitado geralmente só precisa aguentar um pouquinho as mazelas da trama, até passar o climax da história; e então tudo começa a caminhar para um suave final feliz...

Eu quero dizer é que nenhuma fase ruim dura pra sempre, ninguém morre de amor ou de decepção, propriamente ditos a não ser que esteja disposto a fazer o trabalho sujo.

Por isso eu às vezes digo pra mim mesma: “Hei, você já sabe que vai sobreviver, então pára com esse medo absurdo do futuro, please!”. E eu paro. De verdade, estou ficando craque em ser obediente.