O Ritual da Lua

20 fevereiro, 2010


“vrijheid forever ever ever
vliegen naar de maan oh!”

Diana dançou e repetiu as palavras mágicas por 10 vezes num tom de voz crescente e animado, como descrito no ‘Ritual da Lua’, da página 141. A brincadeira misteriosa até que era um bom exercício, mas já estava ficando cansativa demais e monótona. Lembrando-se que estava na hora da novela, ela jogou o velho livro num canto e seguiu para a sala de estar.

A luz da lua cheia que entrava pela janela branqueava quase totalmente a sala do apartamento. Ela parou um instante, admirada, mas deu de ombros e ligou a TV, jogando-se no sofá.

Já quase dormia quando sentiu uma espécie de formigamento por todo o corpo. Levantou-se pra tomar algo, mas, ao abrir a geladeira, quase desmaiou por uma dor insuportável no estômago. Seguiram-se, então, efeitos inexplicáveis e desagradáveis. A sensação era de que várias coisas saíam de seu corpo e outras entravam, num ritmo apressado e doloroso, que a faziam rasgar as próprias roupas e rolar pelo azulejo frio da cozinha.

Depois que tudo acabou, o suor molhava cada parte do seu corpo. Diana, admirada por ainda estar viva, se sentia estranha, como se agora ocupasse mais espaço. Algo duro lhe doía nas costas e sua visão estava turva. Virou-se desajeitadamente e viu a lua pela fresta dum basculante. Num repente, sentiu- se levitar e depois ganhar muita velocidade. A vidraça da sala se quebrou com o choque de seu corpo nu, que mergulhou e depois ascendeu na noite em direção à luz.