
“Sabe, eu te amo...”
Aquelas quatro palavrinhas ecoavam insistentemente na mente de Carla, às vezes mescladas à lembrança recente daqueles olhos, tão brilhantes e sinceros.
Agora que via Henrique lá longe, dobrando a esquina, meio cabisbaixo, ela podia raciocinar direito. As pernas ainda tremiam um pouquinho e o coração faltava pouco pra bater normalmente, mas o gostinho amargo do arrependimento, ou, talvez, da culpa, ainda estava acentuado em sua boca.
Em contrapartida, ela repetia insistentemente pra si mesma que fizera a coisa certa. Era quase uma questão ideológica pra ela: “Eu te amo” não é coisa que se diga sem ter certeza! Mesmo que ela também não tivesse certeza que não amasse...
Afinal, qual é a medida certa de ‘amar’? Isso ela não sabia, mas julgava que saberia quando o momento mágico acontecesse.
O tão aclamado amor não podia ser assim, tão simplesmente, numa ruela qualquer e muito menos declarado como uma puxada de assunto banal e tímida. E onde estavam a sensação de flutuar, as flores cor-de-rosa e a poesia? E as tais borboletas no estômago?
É, porque o máximo que ela sentiu foi uma alegriazinha de leve, vá lá uma tremurazinha ou um friozinho no estômago.
Ah! E teve também aquela vontadezinha de dizer ‘eu também’, mas que morreu no silêncio, assim como aquele primeiro beijo daquele que poderia ter sido o seu primeiro amor - mas não foi!
/* Alguém assistia Gilmore Girls (Tal Mãe, Tal Filha) quando passava no SBT? Lembro de um episdio em que o namorado da Rory (filha) disse que a amava, mas ela não disse 'eu também'. Eles chegaram a terminar por causa disso, ela ficou na fossa, enfim...
Acho que não esxiste regra nenhuma pra expor sentimentos. As pessoas já têm tantos problemas com isso, pra que complicar mais?
Te amo pode significar muita coisa, tudo depende de como e por quem é dito. Cabe às pessoas saberem interpretar, coisa que, acho, não é difícil... */