O Segredo

08 novembro, 2009


O sol escaldante de janeiro se refletia no vidro redondo, fazendo a máquina de chicletes parecer algo divino, cintilante. Ana observava a bolinha vermelha - sua favorita - bem perto da saída apertada. Segurava a moeda de um real, acariciando o desenho da esfinge e imaginando o doce chiclete de framboesa sendo esmagado impiedosamente por seus molares e destilando, por mal, todo o sabor guardado na redoma colorida de açucar. Era uma especie de ritual, que aprendera há alguns dias: O pensamento positivo direcionado. "É preciso imaginar a coisa acontecendo", diziam as pessoas do tal filme.

Vagarosamente estendeu o braço direito e colocou a moeda na pequena abertura, com os olhos apertados pelo esforço de pensar forte. "Click!", a moeda chegara a seu destino. "Plof!", a pequena esfera se depositou na palma da mão de Ana. Olhos abrindo devagar... Bolinha amarela!