Magia Negra

02 novembro, 2009



A festa de Haloween fora o máximo, muita bebida, fantasias inusitadas e música alta. Era quase meia noite quando Hellen resolveu ir para casa. Como prometera aos pais, chegaria mais cedo, pois o local da balada era, propositalmente, bastante ermo e próximo a uma grande floresta de carvalhos. Ela mesma concordava que era assustador e perigoso.

Como a festa ainda não havia terminado, ela chamou um táxi por telefone e esperou sozinha ao lado de fora do casarão barulhento. Depois de 20 minutos com frio e com a paciência já esgotada, ela resolveu seguir a pé. A estrada não ficava tão longe e, chegando lá poderia pegar uma carona ou um ônibus. Helen só precisava passar alguns metros dentro da floresta e isso a atemorizava de algum modo. Já ouvira várias lendas sobre a noite de Haloween, inclusive sobre bruxas e espíritos malignos. “Besteira!”, pensou e foi andando devagar, tentando não fazer muito barulho, seus olhos arregalados vigiavam de uma lado para outro, ela tremia de medo sem perceber.

Faltava pouco... Ela respirou aliviada ao avistar, alguns metros adiante, luzes de faróis dos carros que passavam na estrada: já estava quase saindo da floresta. Foi quando ouviu um som, um tipo de batuque muito animado vindo de outra direção, mais ao lado. Sentiu um pouco de curiosidade e, ao mesmo tempo, muito medo. Tudo o que ela queria era sair daquela floresta escura, mas, quando percebeu seus pés já a levavam na direção do som.

Se aproximou o bastante para contar sete ou oito pessoas pulando e dançando em torno de algo muito luminoso, que deveria ser de uma fogueira. Uma coisa muito quente a invadiu, ela se sentiu leve e muito atraída para mais perto daquele ritual. Mais uma vez sem perceber, já estava há poucos metros e pode ver que todos eram mulheres e vestiam roupas sensuais e esdrúxulas. Elas dançavam num ritmo muito frenético e pareciam estar em transe. Não viu ninguém batucando a música e sentiu uma estranha energia, algo como... MAGIA! Hellen reparou nas expressões sinistramente felizes e sentiu muito medo de ser descoberta ali.

De repente, a dança parou e todas gargalharam muito alto, abrindo a roda num semi-círculo e mostrando o que havia no centro: uma moça nua, que também aparentava estar em transe. Nesse momento, percebeu que todas elas carregavam facas nas mãos e que havia, perto da fogueira, uma grande haste de madeira, em formato de cruz. Só uma palavra veio à sua mente: Sacrifício!

Sentiu uma espécie de náusea e por pouco não desmaiou. Pensou em chamar a polícia, em tentar salvar a garota, mas só conseguiu correr muito. Lágrimas grossas saíam de seus olhos e ela nem percebeu que ia na direção errada... Já tinha corrido muito quando percebeu que estava perdida no coração da floresta. Olhou em volta e só viu escuridão... De repente, começou a ouvir o batuque novamente, mas dessa vez sentiu que estava sendo seguida.