E.T.

13 março, 2010
Até aquele dia, meu segredo era só meu e de mais ninguém. Mas, chegou o momento em que eu não pude mais disfarçar...

O dia começou normalmente, eu fui pra faculdade cedo com aquela velha vontade de ficar em casa dormindo, não cumprimentei quase ninguém na sala e me sentei no meu lugar habitual. Tudo correu bem até eu sentir um comichão incomodo na testa. Não parecia ser nada grave, eu me limitei a apenas coçar. Mas aí eu percebei que alguns colegas me olhavam de soslaio, às vezes cochichando. Até que alguém comentou “Você está meio pálida...”

Devo ter arregalado os olhos e ficado ainda mais pálida ao ouvir isso. Dei um pulo da carteira e corri pro banheiro, fingi que ia vomitar pra ninguém me seguir. Tranquei bem a porta do vestiário e me olhei ao espelho, meio com medo do que veria... Era verdade! Eu estava pálida como papel, quase ficando verde-cera e, da minha testa, duas antenas já se mostravam inteiramente. Entrei em desespero, principalmente quando observei apenas três dedos na minha mão direita... O que eu faria? Iam descobrir meu segredinho...

Abri um pouco a porta, pra ver o movimento no corredor... Ninguém! Respirei fundo e fui andando na ponta dos seis pés, sorrateiramente encostada nas paredes. Parecia não haver ninguém no caminho até a porta de saída. Comecei a correr, esdruxulamente com aquela forma, e já podia ver a luz da rua, quando uma freira (o colégio era católico) apareceu do nada no meio do caminho. “Demônio!”, ela gritou, antes de ser atropelada por mim e ficar pelo caminho gritando. Eu apenas corri e, por pouco consegui me esconder no cemitério que fica próximo à instituição. Vi quando uma ambulância chegou e levaram a irmã, ainda os berros... Tive pena e até rezei um Padre Nosso.