Indiferença

15 fevereiro, 2010
Cansada de esperar das pessoas o que elas não querem ser, de fazer planos que não me pertencem, de sonhar sonhos que não foram feitos para mim.”

Desiludida era a palavra que melhor descrevia Ana naquele dia. Ali, olhando as estrelas, ela tentava se lembrar de algo que fizesse todo aquele sofrimento valer à pena, ouvira dizer que tudo sempre têm seu lado bom. “Talvez minha vida seja uma exceção”, pensou, rindo-se da ironia. Uma lagrima teimosa tentou nublar sua visão, mas ela concentrou-se no céu azul-marinho, na lua e na Dalva que cintilava. Sorriu sem ver, hipnotizada pelo frescor e pela luz da noite, que amava desde criança.

Alguém apareceu na varanda, era ele. Viu as malas feitas, ficou um tempo em silêncio até que ela percebesse sua presença. Tocou-lhe suavemente o ombro, ensaiando um beijo na nuca, mas foi surpreendido por um “vou embora” repentino, calmo e decidido.

-O que eu fiz?
-Nada.
-Então?
-Nada não é o bastante pra mim.