Sonho Mágico

03 abril, 2010

Fazia frio, mas a pequena lareira improvisada esquentava um pouco os corpos gelados encolhidos pelo carpete. Lá fora, a neve caía em pequenos flocos e se acumulava no parapeito da janela. Mia, sentada num canto, assistia a lenha se encolhendo e estalando ao poder das labaredas dançantes. Quieta e concentrada, a garota esforçava-se para ‘ver’ algo no fogo, como era possível em seus livros de princesas, magos e encantamentos. Mia acreditava em magia, no ‘tudo é possível’. Sonhava com o dia em que aprenderia a dizer palavras poderosas capazes dos mais inimagináveis truques.

Naquele momento, o mais conveniente seria que algum alimento surgisse na mesa vazia de sua família ou então que aquela fome que castigava sua barriga desaparecesse. Seria bom também que houvesse cobertores para todos os seus irmãos e que seu pai se curasse da bebida. A pequena menina pensava em tudo isso com um sorriso no rosto, como se fosse algo que apenas dependesse do futuro, do tempo necessário até ela dominar a magia.

Assim, com os olhinhos apertados, ela persistia na árdua tarefa de ‘ler’ o fogo. O primeiro passo, segundo seus doces contos de fadas.